sábado, 1 de setembro de 2012

Projeto da peça "o que eu sonhei"


Projeto “O que eu sonhei”


A CIA. ZIN apresenta:





O QUE EU SONHEI?












Ao sonhar com a infância regressamos à morada dos devaneios,
 aos devaneios que nos abriram o mundo.

(Gaston Bachelard, A poética do devaneio)



INTRODUÇÃO

A CIA. ZIN surgiu da vontade de fazer teatro especialmente para bebês, tomando como ponto de partida um olhar sensível para a primeira infância e buscando criar um delicado contato com esse público.
A ideia principal é trazer para a cena temas ligados ao dia a dia, recontados de forma poética, proporcionando uma experiência estética para os bebês e possibilitar um espaço de encontro entre crianças pequenas e cuidadores.


HISTÓRICO


A CIA. ZIN nasceu do encontro entre duas mães que, recém-chegadas ao universo materno-infantil, juntaram suas bagagens como atrizes e arte- educadoras para dar inicio a um inusitado projeto que relacionasse arte e primeira infância.  Desde então, a pesquisa do grupo vem sendo influenciada por diversas linguagens, como a contação de histórias, a performance art, as artes visuais, além de estudos sobre cognição e percepção infantil e suas relações com a criação artística.

Além das duas primeiras integrantes – Elenira Peixoto (atriz, contadora de histórias e arte-educadora) e Fafi Prado (atriz, performer e arte- educadora) – o grupo é composto por Carolina Trevisan (musicista, professora de música e contadora de histórias) e Carlos Eduardo Corrêa (pediatra e incentivador cultural) e surgiu então, a partir dessa parceria, o primeiro espetáculo da CIA. ZIN: O que eu sonhei?

Além da proposta teatral, o grupo vem experimentando diversas oficinas de arte voltadas também para a primeira infância, como forma de ampliar sua pesquisa artística. 
A CIA. ZIN acredita que a reflexão e a prática criativa são indissociáveis, tal como a vida e a arte: tudo é matéria de criação, tanto aspectos corriqueiros observados na rica relação entre pais e filhos, como elementos da teoria da arte.








ENCENAÇÃO

“ Sinto-me nascido a cada momento
para a eterna novidade do Mundo”.
(Alberto Caeiro, O guardador de rebanhos)

1.    O ESPETÁCULO

O que eu sonhei? investiga o importante e complexo universo do sono. Da hora de dormir ao momento de sonhar.
O público, composto por cuidadores e bebês sentados no mesmo plano do palco, fica próximo da encenação, o que proporciona uma relação intimista entre atores e platéia.
A peça é um roteiro de movimentos e gestos cotidianos poetizados pelo estado de devaneio e sonho. O espaço é construído de modo a evocar o universo onírico. A música, executada ao vivo, complementa essa atmosfera com a delicadeza da calimba, do metalofone, das canções de ninar e de outros sons suaves.
Em cena, num universo simbólico, duas personagens interagem em um espaço situado entre o real e o onírico. Desde a tentativa de dormir até o sonho, quando sensações do dia são revisitadas. Ao acordar, apenas fragmentos desse sonho pairam na memória: O que eu sonhei?




2. DRAMATURGIA
O que eu sonhei? aborda a dualidade do tema “hora de dormir”. A criança pequena vive, muitas vezes, o conflito entre resistir ao sono e entregar-se ao aconchego de dormir. Fechar os olhos pode significar para ela um desaparecimento da realidade. O espetáculo mostra o convite ao mundo dos sonhos como possibilidade de encantamento, afastando assim o medo de dormir. O público é movido por uma leitura sensorial das cenas, passeando pelas emoções que as imagens criadas sugerem.
A dramaturgia é composta por um roteiro de ações, misto de teatro e dança, que dialoga com a pesquisa corporal da técnica oriental Seitai-ho, que propõe uma abordagem perceptiva da movimentação e dos diversos estados corporais.
Na peça, a linguagem verbal é substituída por uma comunicação imagética, calcada na simplicidade dos gestos cotidianos e na singularidade da criança que constrói seu entendimento do mundo.
O que eu sonhei? substitui a linearidade da narrativa por uma poética de livre associação, própria do sonho, propondo uma apreensão que pode se dar pela percepção de fragmentos.
Dialogando com a produção teatral contemporânea, a dramaturgia do teatro para bebês pode ser bem descrita pelas palavras do destacado grupo espanhol[1] La Casa Incierta: "É teatro puro, que, como linguagem, é contemporâneo, é poético, é abstrato”.



3. AMBIENTAÇÃO
O espaço cênico é um elemento de grande importância para a temática, pois sugere as sensações de um cantinho aconchegante, o interior do berço, o ninho, onde se contam histórias antes de dormir. Ao mesmo tempo remete a um espaço de sonho, com referências aos contos de fadas e à Via Láctea. Especialmente pensado para a primeira infância, o intuito do espaço cênico é oferecer uma vivência plena dos aspectos visuais, auditivos e táteis, que são fundamentais para a compreensão do mundo nesta faixa etária.



(croqui do cenário do espetáculo O que eu sonhei? por Marisa Rebollo)

JUSTIFICATIVA

 “A Arte é a criação de formas simbólicas do sentimento humano”.
(Susanne Langer,  Ensaios filosóficos)

1. TEATRO E PRIMEIRA INFÂNCIA
O teatro para a primeira infância ou teatro para bebês surgiu na década de 80, mais expressivamente em países europeus como Bélgica e Espanha e vem se desenvolvendo com grande repercussão em diversos países pelo mundo, ganhando espaço visível, sendo acolhida em festivais, gerando grupos de discussões e criações inusitadas. Recentemente introduzida no Brasil, essa vertente teatral dirigida a uma faixa etária de 0 a 3 anos (podendo estender-se até os 6 anos) começa a ter suas primeiras produções, assim como criar um conjunto de discussões específicas e um repertório de experiências.
Voltados para um público que por excelência tem uma ampla capacidade de percepção e de imersão no universo sensorial, os espetáculos para bebês, pelo seu caráter intimista, tem participação ativa do público.
Além de sua riqueza estética, o teatro para bebê, com as reflexões artísticas, pedagógicas e sociais que produz em torno de si, tem o importante papel de suscitar questões fundamentais do mundo das crianças pequenas, captando a poesia inerente à relação entre pais e filhos, cuidadores e crianças, levando-nos a pensar sobre a relação entre crianças e linguagens, e convocando-nos também a refletir sobre os significados da infância no mundo contemporâneo. 



2. CRIANDO PARA BEBÊS:
A primeira questão que se apresenta ao falarmos de criação teatral para bebês está relacionada à capacidade cognitiva deles, ou seja, entra em jogo a inevitável pergunta: “E, afinal de contas, os bebês entendem a peça a que assistem?” No entanto, é preciso, antes de mais, ter em mente o que se considera entendimento: é preciso ter em mente que os bebês têm um modo singular de perceber o mundo.
Uma peça pensada para a primeira infância deve levar em conta as fases de desenvolvimento da criança. Em resumo, segundo Piaget[2], Do nascimento aos 2 anos de idade, inicia-se a fase sensório-motora, na qual ela apreende as coisas do mundo através do corpo e das sensações causadas pelos objetos externos; logo depois se dá a fase pré-operatória, dos 2 aos 7 anos, onde os conceitos começam a ser elaborados para a formação da subjetividade.
         Tendo em conta as especificidades de cada fase do desenvolvimento infantil, o teatro para bebês, como obra artística, busca compartilhar a experiência criativa e transmitir cultura ao público. É um chamado ao compartilhamento, à troca, ao relaxamento. É uma grande brincadeira expandida.
3. ASPECTOS SOCIAIS:
Pais recentes sentem-se muitas vezes excluídos do convívio social por conta dos afazeres com o bebê e pela falta de opções culturais voltadas para a primeira infância. Além disso, as exigências do mundo adulto priorizam a vida profissional em detrimento do convívio familiar e valoriza bem pouco o tempo despendido com as crianças pequenas.
Lugares públicos como restaurantes, museus, teatros, entre outros, dispõem de poucos recursos direcionados às demandas do bebê.
Nesse contexto, a proposta de uma obra de arte que possa vir a ser apreendida pelos pais e seus bebês, de modo compartilhado, abre um espaço no qual a família toda passa a estar inserida e acolhida. Representa também um olhar novo sobre a ideia de sociabilidade da criança pequena e de compartilhamento da arte como parte desse processo.
Para educadores em geral, o teatro para bebês sinaliza um importante caminho de reflexão sobre arte e primeira infância, ampliando o olhar do educador sobre a criança, possibilitando descobertas e novas formas de vínculo.

4. CONCLUSÃO:
O intuito do teatro para bebês é proporcionar uma experiência compartilhada entre crianças pequenas, pais, educadores e cuidadores, de modo a vivenciar a infância não apenas como uma fase da vida, mas como um estado de espírito essencialmente poético, que impõe novas formas de vínculo e de percepção. É uma forma de aguçar, provocar e até mesmo educar o olhar adulto para as formas do mundo. Como notou um dos maiores mestres da estética moderna, o poeta francês Charles Baudelaire:
“A criança vê tudo como novidade; ela sempre está inebriada. Nada se parece tanto com o que chamamos inspiração quanto a alegria com que a criança absorve a forma e a cor. (...) Mas o gênio é somente é somente a infância redescoberta sem limites. “[3]

OBJETIVOS


1.    Introduzir a arte no contexto da primeira infância.
2.    Estimular a experimentação sensorial do bebê, bem como para a sua imaginação, concentração, inteligência e sensibilidade.
3.    Criar um espaço de relacionamento lúdico que possibilite a aproximação entre bebês e pais/educadores.
4.    Promover a sociabilidade do bebê em espaços compartilhados.
5.    Compartilhar a experiência estética com o público infantil.



                                                 
FICHA TÉCNICA

Atrizes criadoras:
Elenira Peixoto e Fafi Prado

Música ao vivo:
Carolina Trevisan

Cenografia e Figurinos:
Marisa Rebollo

Iluminação:
            Rafael Burgath

Consultoria:
Carlos Eduardo Corrêa (Cacá)

Concepção:
Fafi Prado

Direção geral e produção executiva:
CIA. ZIN




CURRÍCULOS


Elenira Peixoto
Atriz, contadora de histórias e arte-educadora. Formada em Atuação pelo Teatro Escola Célia Helena (1998) e em Letras, pela PUC (2002). Cursou pós-graduação no programa de Literatura e Crítica Literária da PUC-SP e  a pós-graduação  “Linguagens da Arte” no CEUMA-USP. Cursou o “Método Stanislavsky” na Academia Russa de Teatro – GITIS, em Moscou (2007). Desde 2000, é professora da Casa do Teatro e contadora de histórias no “Canto do Conto “ da FNAC e no projeto “História Viva” das Editoras Ática e Scipione e em outras instituições.

                                                             
 Fafi Prado
Performer e arte-educadora. Formada em Dança pela Escola Klauss Vianna (1994) e em Comunicação Social pela FAAP/SP (1992). Estudou com Maria Duschenes (Método Laban) e Renée Gumiel (Expressão Corporal). Cursou as especializações “Corpo, Espaço e Pensamento Moderno”, na ECA/USP e “Arte Contemporânea, na PUC - SP. Atualmente cursa a pós-graduação “Linguagens da Arte” no CEUMA-USP. No teatro, atuou em “U-Fabuliô”, de Hugo Possolo; entre outros. Na TV participou do programa infantil “Castelo Rá-Tim-Bum” na TV Cultura. Desde 1992 ministra oficinas e Cursos Livres de Teatro e Expressão Corporal para crianças.





Carolina Trevisan

É musicista, professora de música e contadora de histórias. Desde 1997 dedica-se ao estudo de pedagogia musical participando de diversos cursos no Brasil e no exterior. Lecionou em diversas escolas particulares e em escolas de teatro e música como na Casa do Teatro, dirigida por Lígia Cortes e na Oficina de Música Sônia Silva. Como contadora de histórias, atuou na Bienal do Livro em 2008. Atualmente, oferece aulas de música em espaço próprio e conta histórias na FNAC em São Paulo.


Carlos Eduardo Corrêa
Neonatologista e pediatra humanizado. Formado em medicina pela USP, é especialista em aleitamento materno e consultor do Ministério da Saúde. Em seu consultório promove diversos encontros sobre maternagem e oficinas sensoriais para pais e bebês.







MAPA DE LUZ











EQUIPAMENTOS


LISTA DE  REFLETORES PARA O ESPETÁCULO:

  • 7 unidades de ELIPSOS
  • 18 unidades de PCS
  • 6  unidades de PAR FOCO 5
  • 5  LUMINÁRIAS (5 pontos em vara cênica)
  • 4  circuitos de LEDS (2 pontos no palco)
  • 2  unidades de SET LIGHTS (plateia)




Contato para esclarecimentos técnicos:
Rafael Burgath
11 8054 5206
11 9401 6103


CLIPPING


Guia da Folha de São Paulo (agosto de 2011):
Guia do Jornal da Tarde (Agosto de 2011):

Estadão on-line (agosto de 2011)
Criativos e estimulantes, os programas dedicados aos bebês são cada vez mais frequentes. É o que mostra, entre outras atrações, um evento inédito no CCSP

Elenira Peixoto, da Cia Zin, explica melhor sobre o formato do teatro para bebês: 
O que caracteriza um espetáculo para bebês?
O teatro para bebês é uma forma de teatro que tende a se estender para toda a família. Claro que a linguagem é pensada para eles, mas é sobretudo um momento de fruição estética e compartilhamento social. Um peça de teatro para bebês tem uma duração reduzida (geralmente 30 minutos), por conta do tempo de concentração, e a sala é preparada para recebê-los: ar condicionado mais baixo, um espaço acolhedor. Os bebês ainda estão construindo a linguagem e a ideia de narrativa, então não precisa ser linear.
Como assim?
Na peça ‘O que eu sonhei?’, por exemplo,  trabalhamos com temas cotidianos (como a hora do dormir), mas poetizamos isso e falamos sobre o sonho. Tudo é narrativa, a música, a luz, o cenário e os gestos que contam lembranças de um sonho. Nesse sentido o teatro para bebês tem uma visão contemporânea de teatro porque se mistura com a dança e trabalha com fragmentos. Costumamos chamar também de ‘Uma grande brincadeira ampliada’.
Qual seu contato com a Anna Marie Holm?Conheci a Anna Marie no ano em que lançou o seu primeiro livro no Brasil ‘Fazer e pensar arte’ e trabalhei no lançamento do livro no MAM em 2005 – um trabalho realizado com várias escolas públicas de São Paulo. Ela apresentou o seu trabalho na Casa do Teatro, escola que eu dou aula de teatro para crianças. E para mim fez muito sentido, porque ela trabalha arte contemporânea para valer e realiza com profundidade e liberdade o seu trabalho com as crianças. Anos depois, ela foi nesta mesma escola e na Unicamp num congresso sobre arte e estética para falar de um trabalho ainda mais ousado, o ‘Baby-art’. Nesse último livro ela entende a arte dos bebês além do que elas produzem plasticamente, mas enxerga todo o movimento do seu corpo envolvido na criação artística. ‘O bebê é performer’, ela diz. Sua arte se mistura com o corpo. Anna Marie é uma grande inspiração para nós.
Por que fazer um evento para bebês? Como surgiu esse título ‘Conversas Poéticas entre Arte e Bebês’?No fim do ano passado fizemos contato com o Centro Cultural São Paulo, que mostrou uma vontade muito grande de aprofundar essa temática. Foi então que ampliamos a discussão do teatro para a arte em geral. Um tema com muito pouca produção e discussão no Brasil. Pensamos em abarcar as artes plásticas, a música e a dança. Em fazer um evento que discutisse a acessibilidade aos espaços públicos de pais com bebês pequenos. Quem tem criança pequena sabe que os espaços são pouco pensados para eles e que o lazer fica muito restrito. A ideia é falar de uma maternidade criativa que se recria dia a dia e que pode ser pautada pelo encontro com a arte. Mas, além de tudo, o evento quer discutir  ética. Vivemos numa sociedade na qual se misturam o privado e o público e onde tudo vira consumo. Quando se fala em infância, temos que pensar eticamente, não queremos inventar uma necessidade, queremos propor uma discussão ampla sobre arte na primeiríssima infância e, para isso, pensamos também nos educadores A pergunta é: Bebês faz arte? Existe uma arte própria da infância?
E aí, existe uma arte própria para a infância? 
Vamos discutir, problematizar e experimentar arte para bebês, por isso é uma conversa, poética, como a infância. Um olhar mais sensível para esse momento tão intenso e criativo da vida. A relação da arte com a vida está muito misturada. 
 ONDE: Centro Cultural São Paulo. R. Vergueiro, 1.000, Paraíso, 3397-4002, Metrô Vergueiro. 
QUANTO: Grátis. QUANDO: 12 a 21/8. Para entrar no site do CCSP clique aqui


CONTATO





Cia.Zin
Rua Borges de Barros, 71 ap. 05
Sumarezinho – CEP 05441-050
São Paulo - SP
11 9654 8091
11 9398 4586












[1] Conf. http://www.lacasaincierta.com/
[2] PIAGET, Jean. A Formação do Símbolo na Criança. Imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1971.
[3] BAUDELAIRE, Charles. Sobre a Modernidade. São Paulo, Paz e Terra, 1996. (p. 18)

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